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segunda-feira, 23 de março de 2009

LEIA MENOS, REFLITA MAIS

Fuja do estresse causado pela ansiedade de informação escolhendo melhor suas leituras, vivemos numa sociedade saturada e poluída de informações, na qual o poder está nas mãos de quem as detém. Fortunas são erguidas ou perdidas, carreiras galgadas ou arruinadas, a saúde é melhorada ou prejudicada por um único fator: o conhecimento. Por causa disso, não é exagero dizer que, hoje, quem tem conhecimento tem poder.

Associado à equação conhecimento = poder, há um aumento dramático da doença da moda conhecida como “ansiedade de informação”. Essa moléstia se caracteriza por uma tendência obsessivo-compulsiva para ler tudo sobre todos os assuntos, de criação de chinchilas à fabricação de bombas caseiras. É uma doença que se torna cada vez mais perniciosa por nossa negligência coletiva e complacente.

É fácil de entender a síndrome. Quando a quantidade de leitura consumida é superior à quantidade de energia disponível para sua digestão, o excesso se acumula e se converte em estresse e overdose de estímulo até o estado doentio. As formas mais comuns de manifestação da síndrome são a frustração gerada pelo volume, a decepção com a qualidade dos conteúdos de leitura, a sensação de saber pouco e tarde demais. Fique atento aos sinais de alerta da doença: demora para se “desligar” das atividades - mesmo quando está fora delas -, queda da produção no trabalho e/ou nos estudos, distúrbios de sono e alimentação, agitação fora do comum , irritabilidade, fadiga momentânea, dores musculares e lapsos de memória. Você pode fazer um teste para ver se contraiu a síndrome em www.wrcinfo.com.br/testes.asp.

No final do ano passado, ao assistir uma palestra do Dr. Ryon Braga (leia sua excelente revista virtual em www.aprendervirtual.com) sobre o tema, comecei a refletir, na minha crise dos 40 anos, se devia me vangloriar ou me criticar por ler pelo menos um livro por semana, há mais de 15 anos. Concluí que todos nós, generalistas itinerantes, intelectuais curiosos, maníacos por leitura e – forçosamente - estudantes de mestrado e doutorado, não precisamos digerir essa avalanche literária que nos é imposta. E passei a escolher mais criteriosamente o que ler pela relevância do conteúdo para minha vida e trabalho, praticidade e consistência. Menos leitura com mais qualidade é melhor para adquirir conhecimento.

Para não ficar doente, comece fazendo um plano de leitura com grupos de assuntos específicos, que servirá para o resto de sua vida. Uma vez adaptado a ele e certo de seu controle, você poderá modificá-lo para incluir ou excluir alguma fonte, quando necessário. Se precisar, compre a versão mais recente do Copernic Agent Professional (www.copernic.com), que custa US$ 89, e é o melhor browser para pesquisa na Internet. Ele pode ajudá-lo a economizar na compra de livros quando tiver que procurar algo que não tenha em sua biblioteca.
Em seu Plano de Leitura, coloque os jornais no grupo I. Leia apenas um por dia, devagar, de preferência pela manhã, antes de ir para o trabalho. Se preferir, faça isso pela web – praticamente todos os veículos de comunicação dispõem de versões eletrônicas. E, por falar em Internet, o Informa Brasil (www.informabrasil.com.br) é um ótimo exemplo da união entre serviço e tecnologia.

Nele, é possível ler as principais notícias em mais de 150 jornais e revistas em um único informativo, totalmente personalizável com sua prioridade. Escolha um jornal que não tenha uma cobertura regional e que traga vários – e pequenos – cadernos sobre temas variados como política, economia, esportes, eventos culturais e um pouco de ciência para leigos. Eu prefiro a Folha de São Paulo e o The New York Times (www.nytimes.com).

No grupo II, coloque as revistas de negócios. Selecione duas que tenham periodicidade mensal ou bimestral e que tragam notícias relevantes para seu trabalho. Minhas preferidas são AMANHÃ, obviamente, e a Harvard Business Review Brasil (www.hbral.com.br). Se você lê em inglês, recomendo ainda a Business Week (www.businessweek.com). Minha predileção por essas revistas se deve à qualidade com que interpretam os fatos e à capacidade de identificar tendências em gestão, economia e negócios .

No grupo III, inclua as revistas de cultura geral, que tragam críticas e resenhas sobre livros, filmes, espetáculos de teatro e música, programas de TV e artes. Sugiro a Vogue (www.voguebrasil.com.br) e a Bravo! (www.bravonline.uol.com.br), que englobam todos esses assuntos com uma qualidade incontestável, e a Scientific American Brasil (www2.uol.com.br/sciam).

Por fim, o grupo IV, o dos livros de referência. Como preparação para a leitura, você deve ter um ótimo dicionário em casa. Uso o Houaiss (www.dicionariohouaiss.com.br), em cd-rom. É bem mais completo que os demais, com a facilidade de que é possível acessá-lo enquanto se está em frente ao computador. Ele também traz a etimologia das palavras, o que considero muito útil.

Tenha à mão também um livreto sobre sua cidade, daqueles que trazem todos os endereços e telefones úteis, em especial o das telentregas. Leia um livro por mês, alternando um de sua área de atuação com outro que não seja, dando preferência aos clássicos ou aos mais indicados pelos sites das livrarias Cultura (www.livcultura.com.br) e Amazon (www.amazon.com). No site da Amazon, existe uma ferramenta de pesquisa que permite buscas diretamente no conteúdo dos livros: o www.a9.com. É o máximo! Agora, o mais importante de tudo: seu plano de leitura tem de ter alguma ação específica capaz de transformar esse conhecimento todo em capital intelectual. Isso só vai acontecer se você, diligentemente, fizer uma profunda reflexão do que leu.

Reflexão vem do latim reflexionis, que significa “refletir”, no sentido de “concentração do espírito sobre si próprio”. Isso significa que, pela reflexão, suas ideias e sentimentos consideram as observações que resultam de intensa cogitação, traduzindo-se assim numa virtude que evita a precipitação nos juízos, a imprudência e a impulsividade na conduta, fazendo de quem reflete uma pessoa menos paradigmática e, por consequência, mais aberta.

Ande sempre com um bloco de anotações e uma lapiseira ou um microgravador no bolso para registrar os insigths provenientes de suas leituras e reflexões. Se você agir dessa forma, vai conseguir criar projetos de melhoria de seus processos, produtos e serviços. Pare de ler sem critério. Pense mais a fundo sobre o que lê, seja por interesse genuíno ou necessidade.

EM BUSCA DO SABER PROFUNDO
Para aprofundar seus conhecimentos nos temas abordados nesse artigo, sugiro uma pesquisa às seguintes fontes de referência:
Passagens: Crises previsíveis da vida adulta, de Gail Sheehy, ed. Francisco Alves Novas Passagens: Um roteiro para a vida toda, de Gail Sheehy, ed. Rocco
A Mente Meditativa, de Daniel Goleman, ed. Ática.
Ansiedade da Informação: Como transformar informação em compreensão, de Richard Saul Wurman, ed. Cultura. Information Anxiety 2, de Richard Saul Wurman, ed. QUE.

Jerônimo Lima é Consultor em Gestão Estratégica e Gestão do Conhecimento e Conferencista.
jeronimo@mettodo.com.br

PRODUÇÃO TEXTUAL - NARRAÇÃO

1 - Como fazer uma Narração Tatiane Santana
1.1 - Introdução
Narrar é contar uma história, que pode ser real ou imaginária, fictícia.Essa história deve envolver personagens, que interagem entre si gerando acontecimentos, que ocorrem em um determinado lugar e em uma determinada época. Assim, a narração se caracteriza por ser uma modalidade dinâmica de redação, na qual predominam os verbos de ação, ao contrário da descrição, onde predominam verbos de estado (ser, estar...).

1.2 - Antes de escrever
Antes de começar a fazer uma narração, é importante responder a algumas perguntas para facilitar a construção do texto:
· Qual fato ou acontecimento será narrado?
· Quando ele ocorreu ou ocorrerá?
· Onde tudo acontece?
· Quais são os personagens?
· Por que o fato aconteceu?
· Como ele ocorreu?
· Quais as suas conseqüências?
· O narrador participa da história?

1.3 - Escrevendo uma narração
Depois de responder às principais perguntas sobre o tema da narração, é preciso organizar as idéias no papel. Para isso, é preciso conhecer os elementos da narração e sua estrutura.

1.4 - Elementos da Narração
Na narração, é preciso caracterizar e desenvolver os seguintes elementos:

· narrador
· personagem
· enredo
· tempo
· espaço

1.5 - Narrador e Foco Narrativo
O narrador é a entidade que conta a história e, de acordo com as características e limitações que definem como o autor vai contar a história, pode se colocar sob várias perspectivas, também chamadas Focos Narrativos:

· Narrador Onisciente e Onipresente
· Narrador Personagem
· Narrador Observador

1.6 - Narrador Onisciente e Onipresente
O Narrador Onisciente e Onipresente sabe de tudo sobre as personagens, conhece o que se passa no seu íntimo, todas as suas emoções e pensamentos. Ainda, conhece a totalidade do enredo, os antecedentes das ações, suas entrelinhas, seus pressupostos, seu futuro e suas consequências.

É como se ele pudesse estar dentro das mentes de todos os personagens e em todos os lugares ao mesmo tempo. Nesse caso, a narração normalmente é feita em 3ª pessoa, o que não impede que o narrador faça intromissões narrando em 1ª pessoa.

1.7 - Narrador Personagem
O Narrador Personagem conta em 1ª pessoa uma história da qual participa, vivendo sua ação. Por isso, não tem conhecimento dos sentimentos e pensamentos das outras personagens que o cercam e nem pode ver o contexto com total clareza. Pode narrar uma história em que é o protagonista, como em "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, ou ser um personagem coadjuvante como o Dr. Watson narrando as peripécias de Sherlock Holmes. Sua maneira de contar é fortemente marcada por características subjetivas e emocionais, o que faz com que a narrativa seja parcial, impregnada por seu próprio ponto de vista.

1.8 - Narrador Observador
O Narrador Observador conhece os fatos, mas não participa deles. Não tem conhecimento íntimo das personagens, e nem das ações vivenciadas. Isso permite que ele se mantenha neutro, distante e imparcial. Relata apenas o que vê ou imagina acontecer, sem invadir o cérebro ou o coração das personagens para expor seus sentimentos e pensamentos ao espectador. Quando o narrador é observador, todo o texto é escrito necessariamente em 3ª pessoa.

1.9 - Enredo
O Enredo, também chamado de trama ou intriga, é o conjunto de fatos ligados entre si que fundamentam a ação de um texto narrativo. É o encadeamento de ações executadas pelas personagens, ordenados em uma sequência lógica e temporal, a fim de se criar um sentido ou emoção no espectador. Geralmente, o enredo se baseia em um conflito entre os personagens, que é responsável pelo nível de tensão da narrativa.

1.10 - Personagens
Não existe narrativa sem personagens. Personagens não são apenas as pessoas, mas também animais e até mesmo objetos inanimados. Até um lápis que rola pela mesa até cair no chão pode ser um personagem. Pode ser personagem qualquer ser ou objeto esteja num certo ambiente praticando (ou sofrendo) uma ação, ainda que de forma involuntária.

1.11 - Tipos de Personagens
As personagens podem ser classificadas em, principais ou secundários de acordo com o relevo ou importância que possuem no desenrolar da trama:

1.12 - Personagens Principais
As Personagens Principais são aquelas que desempenham o papel central, sendo fundamentais para o desenvolvimento da trama. Podem ser classificados em Protagonistas e Antagonistas. De forma simplificada, podemos dizer que o protagonista é aquele que deseja algo, enquanto ao antagonista cabe impedir, dificultar, ou destruir esse objeto de desejo.

O antagonista nem sempre é uma pessoa, podendo ser um objeto, um animal, ou mesmo uma situação financeira, cultural, social (pobreza, instrução, trabalho), um problema físico ou ainda uma peculiaridade psicológica, que dificulta o acesso àquilo que o protagonista deseja.

1.13 - Personagens Secundárias
As Personagens Secundárias podem ser classificadas em Coadjuvantes e Figurantes. As Personagens Coadjuvantes são aquelas que assumem um papel de menor importância, mas não deixam de ser importantes para o desenrolar da trama, já que dão suporte à história tecendo pequenas ações em torno das personagens principais. Já as Personagens Figurantes tem como único objetivo ilustrar um ambiente ou o espaço social do qual são representantes durante o desenrolar de uma ação da trama.

1.14 - Tempo
A evolução temporal pode se dar de duas formas:

· Tempo cronológico: determinado pela sucessão cronológica dos fatos
· Tempo psicológico: é o tempo subjetivo, vivido ou sentido pela personagem, que flui em de acordo com o seu estado de espírito.

Ao contar a história, o narrador pode usar a ordem linear dos fatos ou alterar a ordem temporal, recuando a acontecimentos passados ou antecipando acontecimentos futuros, condensando, resumindo ou omitindo parte dos acontecimentos e até interrompendo a história para dar lugar a descrições ou divagações.

1.15 - Espaço
O espaço é a caracterização do ambiente ou cenário no qual a história acontece:

· Espaço Físico: é o espaço real, que serve de cenário à ação, onde as personagens se movem.
· Espaço Social: é constituído pelo ambiente social, representado pelas personagens
figurantes.
· Espaço Psicológico: espaço interior da personagem, constituído por suas vivências, seus
pensamentos e sentimentos.

1.16 - Estrutura da Narração
Agora que já coletamos as informações necessárias e conhecemos os elementos de uma narração, já podemos começar a escrever. Mas isso não quer dizer que iremos começar a contar tudo do jeito que vier à cabeça. A narração tem uma estrutura básica e característica, que, apesar de não ser absoluta, deve ser seguida na medida do possível. Lembre-se de que essa estrutura não impede que muitas vezes o texto narrativo seja recheado com trechos descritivos e dissertativos.

A estrutura mais utilizada em textos narrativos é a seguinte:
· Situação inicial - os personagens e espaço são apresentados.
· Estabelecimento de um conflito - um acontecimento modifica a situação apresentada e
desencadeia uma nova situação a ser resolvida, que quebra a estabilidade de personagens e
acontecimentos.
· Clímax - ponto de maior tensão na narrativa.
· Epílogo - solução do conflito, o que nem sempre significa um final feliz.

1.17 - Branca de Neve
Veja nas próximas páginas como a história resumida da Branca de Neve segue essa estrutura narrativa.

1.18 - Situação Inicial
A história começa com o estabelecimento de uma situação inicial, apresentando os personagens:"Era uma vez, uma linda princesa chamada Branca de Neve, cuja beleza desabrochava dia-a-dia, causando inveja em sua madrasta, a rainha."

1.19 - Estabelecimento de um conflito
Em certo momento, um conflito se estabelece. Algo acontece e quebra a estabilidade do início da história, demandando uma solução:

"A malvada rainha, disfarçando-se como uma pobre velhinha vendedora de maçãs, lhe oferece uma fruta envenenada. Ao morder a maçã, a jovem cai ao chão, desfalecida, como se estivesse morta. O feitiço da maçã envenenada só poderia ser quebrado pelo primeiro beijo de amor."

1.20 - Clímax
Então, ocorre o Clímax, que é o instante decisivo e de maior intensidade emocional da narração:

"Um dia, o príncipe finalmente encontra Branca de Neve e lhe dá um beijo. De repente, os olhos da jovem se abrem, como se ela acabasse de despertar de um sono profundo."

1.21 - Epílogo
Depois do Clímax, acontece o desfecho da trama, solucionando de vez o conflito.
"Branca de Neve e o príncipe, montados em seu belo cavalo, partem rumo ao castelo do príncipe, onde viveram felizes para sempre."

1.22 - Dicas para fazer uma narração
No início do texto, tente caracterizar as personagens com traços marcantes e essenciais, tanto física como psicologicamente, de forma a possibilitar ao espectador criar uma imagem mais definida. Isso os tornará mais interessantes, prendendo mais a atenção do leitor. Procure desde já definir nos personagens e na situação elementos que serão importantes para a solução dos conflitos no final da narração.

Estabelecida a situação inicial, crie uma situação inusitada que desencadeie uma circunstância de conflito. A partir dessa situação, crie uma série de ações que mantenham o clima de suspense em relação aos acontecimentos que virão, aumentando a tensão.

Caracterize alguns espaços e objetos determinantes no enredo, de forma a cativar e envolver o leitor. No clímax, misture de forma criativa alguns dos elementos apresentados na situação inicial e no desenvolvimento com outros elementos inesperados para criar o instante decisivo da narração. Esse retorno aos elementos iniciais assegura a coesão do texto, e a associação de elementos novos garante que o texto não se torne previsível.O desfecho deve ser original, inesperado, surpreendente. Caso contrário, a narrativa pode se transformar num simples relato. Finalize de forma a tentar suprir as expectativas dos leitores. Capriche, pois muitas vezes o final é responsável pela avaliação de toda a narração.

Há infinitas possibilidades para estruturar uma narração, como iniciar pelo desfecho, construir o texto apenas através de diálogos, fugir ao nexo lógico ou temporal etc. Essas técnicas são bastante utilizadas por autores mais experientes.

Entretanto, se você ainda não é um escritor de mão cheia, recomendamos seguir a estrutura básica até que se sinta seguro para alterá-la.

PRODUÇÃO TEXTUAL - DESCRIÇÃO

1 - Como fazer uma Descrição

1.1 - Características do Texto Descritivo
A Descrição, ou texto descritivo, é a redação que dá informações detalhadas sobre determinado ser, objeto, lugar ou mesmo um sentimento. O objetivo desse texto é fazer com que o leitor consiga imaginar e recriar na própria mente a imagem do ser ou objeto descrito. Num texto descritivo, não há uma relação de anterioridade ou posterioridade entre as frases. Dessa forma, sua ordem pode ser alterada sem mudança do sentido global do texto. Predominam os substantivos e adjetivos, e apesar de ser possível a existência de verbos de ação, prevalecem os verbos de estado (ser, estar...). Além disso, a relação entre os verbos não estabelecem uma progressão no tempo. Os verbos não se encadeiam, e por isso não representam uma realidade que está evoluindo. É que a descrição equivale a uma fotografia textual, que retrata um momento único, e não uma seqüência de acontecimentos.

1.2 - Tipos de Descrição
Observe uma cômoda. É possível descrevê-la de forma objetiva ou de forma subjetiva.

1.3 - Descrição Objetiva
Na descrição objetiva, busca-se a máxima aproximação do texto com a imagem do que se vê, de forma a recriar o objeto da forma mais clara e realística possível, usando, portanto, uma linguagem clara e direta, com palavras de sentido único, ou seja, a linguagem denotativa.

“A cômoda é antiga, mas muito bonita. É laminada em raiz de nogueira e tem formato arredondado. Possui três gavetas grandes com puxadores de bronze. O tampo é de um mármore escuro e brilhante.”

1.4 - Descrição Subjetiva:
Já a descrição subjetiva procura transfigurar a coisa observada, de forma pessoal, levando em conta sentimentos e emoções, e usando para isso um caráter simbólico através de metáforas e outras figuras retóricas. Usa, portanto, uma linguagem conotativa.

“Dona Cômoda tem três gavetas. E um ar confortável de senhora rica. Nas gavetas guarda coisas de outros tempos, só para si. Foi sempre assim, dona Cômoda: gorda, fechada, egoísta.” Mário Quintana em Sapo Amarelo

1.5 - Descrição X Definição
Uma das características marcantes da descrição é a retratação de alguma coisa a partir de um determinado ponto de vista. Na descrição prevalece a particularidade, ou seja, a coisa descrita é individualizada. É importante diferenciar a descrição da definição, que dá apenas uma explicação genérica, uma significação abstrata. Na definição não há ponto de vista, e o texto não representa uma retratação individualizada de um ser ou coisa em especial, mas de qualquer representante do mesmo gênero ou espécie.

“Cômoda: espécie de mesa, geralmente de madeira, com gavetas ou gavetões desde a base até a face superior.” Definição do Dicionário Aurélio

1.6 - Descrição Sensorial
Para enriquecer os textos descritivos, é interessante fazer o que chamamos de descrição sensorial, que nada mais é do que usar as palavras para provocar sensações.Esse recurso, também chamado de descrição sinestésica, tem o efeito de criar uma relação mais profunda com o leitor, já que além da visão, explora também os demais sentidos como a audição, paladar, olfato e tato.

1.7 - Sensações Visuais
O uso de sensações visuais é o mais comum, e normalmente se relacionam à cor, forma ou tamanho do objeto da descrição:
a) O telefone é vermelho, em forma de concha, e bem pequeno, pouco maior do que sua orelha.

1.8 - Sensações Auditivas
As sensações auditivas são aquelas relacionadas aos sons, ou à sua ausência, como silêncios, gritos e zumbidos:
a) O ronco dos motores era ensurdecedor naquela manhã de domingo...
b) É uma casa simples, isolada do mundo, cercada de silêncio por todos os lados.

1.9 - Sensações Gustativas
O uso de palavras relacionadas ao gosto ou paladar também é muito utilizado, tanto em descrições objetivas como subjetivas. Nas descrições objetivas, costumam gerar no leitor reações instantâneas de água na boca ou nojo.
a) "Hummm! Leite condensado, caramelizado, com flocos crocantes e coberto com o delicioso chocolate Nestlé."
b) A comida estava azeda... Parecia que já estava na geladeira a dias.
c) "Sinto o gosto azedo de uma vida doce e amarga no final" (Pato Fu - Agridoce).

1.10 - Sensações Olfativas
Assim como as sensações gustativas, as olfativas também são poderosas formas de fazer o leitor se sentir mais próximo da descrição:
a) Estava anoitecendo. Um cheirinho de chuva invadia nossos narizes.
b) Da pia exalava um odor fétido, semelhante ao cheiro de peixe podre.

1.11 - Sensações Táteis
Sensações táteis são aquelas que podem ser percebidas através de um contato ou da própria pele. São sensações térmicas como o frio ou calor, ou ainda relacionadas à superfície de objetos, que podem ser, por exemplo, lisas ou ásperas.
a) Sua mão estava áspera como uma lixa, e fria como o mármore.

1.12 - A Descrição de Pessoas
A descrição de pessoas, dependendo do objetivo do texto, pode levar em consideração aspectos físicos e/ou aspectos psicológicos. Aspectos físicos são aqueles que dizem respeito à descrição sensorial, ou seja, é a descrição daquilo que pode ser visto, ouvido, degustado, cheirado ou sentido. Assim, pode-se falar dos olhos castanhos, da voz rouca, dos lábios carnudos, do perfume, da pele lisa etc. Já em relação aos aspectos psicológicos, fala-se do caráter, do comportamento, do estado de espírito, ou seja, daquilo que não é notado simplesmente com os 5 sentidos, mas com a própria convivência.

1.13 - A Descrição de Lugares
Também os lugares podem ser descritos de diferentes formas. É possível ressaltar o espaço em seu aspecto físico, ou seja, o que pode ser notado pelos 5 sentidos, como a localização, as cores, cheiros, barulhos, temperatura etc. Por outro lado, pode-se descrever o ambiente, levando em conta aspectos mais abstratos, como as características sociais, morais, psicológicas etc.

1.14 - A Descrição de uma Cena
A descrição de uma cena, também chamada de descrição dinâmica ou animada, é muito semelhante à narração, pois normalmente inclui personagens e ações.
Entretanto, na descrição o foco principal do texto não são as ações, mas os detalhes daquilo que acontece. Veja um exemplo.
a) A velhinha caminhava lentamente, de forma cadenciada e firme. Não levantava a cabeça. Parecia estar distante de tudo e de todos que estavam ao seu lado.

PRODUÇÃO TEXTUAL - DISSERTAÇÃO

1.1 .O que é uma dissertação? Tatiane Santana
Nos concursos mais recentes, além da prova fechada, de múltipla escolha, também tem sido aplicado um tipo de teste que permite avaliar a capacidade do candidato de desenvolver um raciocínio coerente e coeso com o uso correto e preciso das palavras: a prova de redação.

Na maioria das vezes, a redação deverá ter o formato de dissertação. Mas... O que é uma dissertação? A dissertação é um tipo de redação que tem por objetivo expressar uma opinião, um ponto de vista em relação a um determinado assunto através de argumentos, que podem se apoiar em dados, fatos ou idéias.

O objetivo é expor a estrutura do texto dissertativo de forma simples, clara, rápida e objetiva, capacitando qualquer pessoa a fazer uma boa dissertação

1.2 - Como planejar uma dissertação
Em primeiro lugar, é preciso analisar o tema dado e levantar ideias sobre o assunto. Na maioria das vezes, o tema é amplo e pode dar margem a vários desdobramentos. Não perca tempo com pensamentos do tipo: "estou sem inspiração".

Anote todas as ideias relacionadas ao tema que lhe vierem à cabeça. Essas anotações o ajudarão a definir a linha de raciocínio a ser seguida na dissertação. Uma dica para quem está se preparando e quer fazer boas dissertações é ler muitas revistas, jornais, artigos, livros etc. Quanto mais material você tiver na cabeça, mais ideias conseguirá encontrar. Depois de catalogar várias ideias relacionadas ao tema, é hora de começar a organizá-las.

Num texto dissertativo é importante identificar as ideias que refletem problemas, aquelas que podem ser suas causas e também as possíveis soluções. Assim, tente agrupar esses problemas com suas causas e soluções em temas menores, mais específicos. Com as ideias organizadas, é hora de escolher sobre qual tema específico será a dissertação.

1.3 - A escolha do tema da dissertação
A regra geral é que quanto melhor você conhecer do assunto, mais fácil será falar sobre ele. Assim, dentre as ideias e temas anotados, escolha aquele com o qual você se sente mais à vontade, mais familiarizado. Normalmente esse tema será também aquele sobre o qual você tem mais anotações. Com o subtema escolhido, defina a linha de raciocínio da dissertação.

# Que ideia irá defender?
# Quais argumentos serão usados para defender essa ideia?
# A qual conclusão você deseja chegar?

Essas são as 3 perguntas chaves que você deve se fazer (e responder) antes de começar a redigir o seu texto. Antes de continuar, confira se a linha de raciocínio escolhida não foge do tema principal.

1.4 - Estrutura da dissertação
Organizadas as ideias e definida a linha de raciocínio, é hora de começar a estruturar a dissertação. Todo texto dissertativo é composto por introdução, desenvolvimento e conclusão, exigindo, no mínimo, três parágrafos. Na introdução, o autor expõe sua ideia, sua tese. No desenvolvimento, o autor apresenta os argumentos que defendem a sua tese. Na conclusão, o autor confirma a tese, baseando-se nos argumentos. É importante fazer com que cada uma dessa partes se relacione com as outras, seja preparando-as ou retomando-as.

1.5 - A Introdução
Na introdução de uma dissertação, que normalmente é feita em apenas um parágrafo, o autor deve situar o leitor no assunto, expondo seu ponto de vista e delimitando as questões que serão abordadas. É na introdução que se define o assunto específico que será discutido e provado no decorrer do texto. Uma opção é propor uma pergunta, cuja resposta será discutida no desenvolvimento e explicitada na conclusão.

1.6 - O Desenvolvimento
O desenvolvimento é o maior trecho da dissertação, podendo exigir dois ou mais parágrafos. É no desenvolvimento que o autor apresentará seus argumentos para defender sua tese. Há várias maneiras de se apresentar os argumentos num texto dissertativo. As mais comuns são:

a) Enumeração; b) Apresentação de Causas e Consequências; c) Exemplificação; d) Confronto; e) Evolução no tempo ou espaço; f) Dados estatísticos;

1.7 - Enumeração
A técnica da enumeração consiste em detalhar vários aspectos da ideia principal, indicando características, funções, processos ou situações, sempre de forma a complementar a ideia exposta na introdução do texto.

1.8 - Apresentação de Causas e Conseqüências
Outra forma de desenvolvimento de textos dissertativos é a apresentação de fatos e situações. Esses fatos e situações, relacionados à ideia principal da dissertação, deverão vir acompanhadas de suas causas ou possíveis consequências, de acordo com o objetivo do autor.

1.9 - Exemplificação
Um meio muito comum de argumentação é a exemplificação. Nessa modalidade, o autor utiliza exemplos de outras situações e fatos que ilustram o seu ponto de vista de forma a defender a sua tese.

1.10 - Confronto ou comparação
No confronto, o autor compara seres, pessoas, objetos, situações, fatos ou ideias, de forma a enfatizar suas igualdades ou diferenças, de acordo com o objetivo da argumentação. O contraste entre duas ou mais ideias pode ser determinante para se defender uma tese.

1.11 - Evolução no Tempo ou Espaço
Muito usada em dissertações é a evolução de ideias ordenadas no tempo ou no espaço. A ordenação temporal é aquela onde vários acontecimentos ou processos são marcados pela época em que aconteceram, seja em séculos, décadas, anos, meses ou mesmo dias e horas.Já a ordenação espacial diz respeito à localização geográfica nas quais os acontecimentos ocorreram.

1.12 - Dados Estatísticos
O uso de dados estatísticos confiáveis sempre é um trunfo na defesa de uma ideia, já que dá credibilidade dos argumentos. Mas é preciso verificar a validade, extensão e o contexto da apuração desses dados para que eles possam ser realmente confiáveis. Assim, é bom dar preferência a dados estatísticos produzidos por órgãos oficiais.

1.13 - Citações
Muitos autores citam, em seus textos, frases, trechos ou obras de escritores, intelectuais e políticos famosos. Isso é uma forma de influenciar o leitor buscando apoio para seus argumentos nessas personalidades ilustres e consagradas.

1.14 - A Conclusão
Depois de expor todos os argumentos, é preciso costurar todas as ideias no final do texto. O objetivo da conclusão retomar a ideia principal de forma mais concisa e convincente, amarrando a tese (introdução) aos argumentos (desenvolvimento).
Há 3 formas de se concluir um texto dissertativo:

1) Fazendo uma síntese
2) Expondo uma solução
3) Criando uma surpresa

1.15 - Conclusão Síntese
Concluir com uma síntese é a forma mais comum de fechar um texto dissertativo.A síntese resume todo o texto em apenas um parágrafo, uma constatação.O principal desafio nesse tipo de conclusão é evitar simplesmente expor as mesmas ideias e os mesmos argumentos novamente, pois isso torna o texto repetitivo.

1.16 - Conclusão Solução
Muitas vezes o objetivo do texto dissertativo é conscientizar o leitor da existência de um problema e expor uma forma de combatê-lo. Nesses casos, a conclusão deve mostrar o que deve ser feito ou indicar uma proposta de solução para o problema.

1.17 - Conclusão Surpresa
Menos comum, esse tipo de conclusão exige maior destreza e talento do autor.Na conclusão surpresa, o autor deve fechar o texto com uma citação, um fato divertido ou original, uma piada, uma afirmação irônica, trocadilhos ou até mesmo um final poético.O objetivo aqui é causar um impacto no leitor trazendo algo inesperado, de forma a deixá-lo surpreso.

terça-feira, 10 de março de 2009

A INTEGRAÇÃO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO
José Manuel Moran
Especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância
jmmoran@usp.br
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As tecnologias evoluem em quatro direções fundamentais:
Do analógico para o digital (digitalização);
Do físico para o virtual (virtualização);
Do fixo para o móvel (mobilidade);
Do massivo para o individual (personalização)
Carly Fiorina, ex-presidente da HPackard.
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A digitalização permite registrar, editar, combinar, manipular toda e qualquer informação, por qualquer meio, em qualquer lugar, a qualquer tempo. A digitalização traz a multiplicação de possibilidades de escolha, de interação. A mobilidade e a virtualização nos libertam dos espaços e tempos rígidos, previsíveis, determinados.

As tecnologias que num primeiro momento são utilizadas de forma separada – computador, celular, Internet, mp3, câmera digital – e caminham na direção da convergência, da integração, dos equipamentos multifuncionais que agregam valor.

O computador continua, mas ligado à internet, à câmera digital, ao celular, ao mp3, principalmente nos pockets ou computadores de mão. O telefone celular é a tecnologia que atualmente mais agrega valor: é wireless (sem fio) e rapidamente incorporou o acesso à Internet, à foto digital, aos programas de comunicação (voz, TV), ao entretenimento (jogos, música-mp3) e outros serviços.

Estas tecnologias começam a afetar profundamente a educação. Esta sempre esteve e continua presa a lugares e tempos determinados: escola, salas de aula, calendário escolar, grade curricular.

Há vinte anos, para aprender oficialmente, tínhamos que ir a uma escola. E hoje? Continuamos, na maioria das situações, indo ao mesmo lugar, obrigatoriamente, para aprender. Há mudanças, mas são pequenas, ínfimas, diante do peso da organização escolar como local e tempo fixos, programados, oficiais de aprendizagem.

As tecnologias chegaram na escola, mas estas sempre privilegiaram mais o controle a modernização da infra-estrutura e a gestão do que a mudança. Os programas de gestão administrativa estão mais desenvolvidos do que os voltados à aprendizagem. Há avanços na virtualização da aprendizagem, mas só conseguem arranhar superficialmente a estrutura pesada em que estão estruturados os vários níveis de ensino.

Apesar da resistência institucional, as pressões pelas mudanças são cada vez mais fortes. As empresas estão muito ativas na educação on-line e buscam nas universidades mais agilidade, flexibilização e rapidez na oferta de educação continuada. Os avanços na educação a distância com a LDB e a Internet estão sendo notáveis. A LDB(Leis de Diretrizes e Bases) legalizou a educação a distância e a Internet lhe tirou o ar de isolamento, de atraso, de ensino de segunda classe. A interconectividade que a Internet e as redes desenvolveram nestes últimos anos está começando a revolucionar a forma de ensinar e aprender.

As redes, principalmente a Internet, estão começando a provocar mudanças profundas na educação presencial e a distância. Na presencial, desenraizam o conceito de ensinoaprendizagem localizado e temporalizado. Podemos aprender desde vários lugares, ao mesmo tempo, on e off line, juntos e separados. Como nos bancos, temos nossa agência (escola) que é nosso ponto de referência; só que agora não precisamos ir até lá o tempo todo para poder aprender.

As redes também estão provocando mudanças profundas na educação a distância. Antes a EAD era uma atividade muito solitária e exigia muito auto-disciplina. Agora com as redes a EAD continua como uma atividade individual, combinada com a possibilidade de comunicação instantânea, de criar grupos de aprendizagem, integrando a aprendizagem pessoal com a grupal.
A educação presencial está incorporando tecnologias, funções, atividades que eram típicas da educação a distância, e a EAD está descobrindo que pode ensinar de forma menos individualista, mantendo um equilíbrio entre a flexibilidade e a interação.
Alguns problemas na integração das tecnologias na educação

A escola é uma instituição mais tradicional que inovadora. A cultura escolar tem resistido bravamente às mudanças. Os modelos de ensino focados no professor continuam predominando, apesar dos avanços teóricos em busca de mudanças do foco do ensino para o de aprendizagem.
Tudo isto nos mostra que não será fácil mudar esta cultura escolar tradicional, que as inovações serão mais lentas, que muitas instituições reproduzirão no virtual o modelo centralizador no conteúdo e no professor do ensino presencial.

Com os processos convencionais de ensino e com a atual dispersão da atenção da vida urbana, fica muito difícil a autonomia, a organização pessoal, indispensáveis para os processos de aprendizagem à distância. O aluno desorganizado poderá deixar passar o tempo adequado para cada atividade, discussão, produção e poderá sentir dificuldade em acompanhar o ritmo de um curso. Isso atrapalhará sua motivação, sua própria aprendizagem e a do grupo, o que criará tensão ou indiferença. Alunos assim, aos poucos, poderão deixar de participar, de produzir e muitos terão dificuldade, à distância, de retomar a motivação, o entusiasmo pelo curso. No presencial, uma conversa dos colegas mais próximos ou do professor poderá ajudar a que queiram voltar a participar do curso. À distância será possível, mas não fácil.

Os alunos estão prontos para a multimídia, os professores, em geral, não. Os professores sentem cada vez mais claro o descompasso no domínio das tecnologias e, em geral, tentam segurar o máximo que podem, fazendo pequenas concessões, sem mudar o essencial. Creio que muitos professores têm medo de revelar sua dificuldade diante do aluno. Por isso e pelo hábito mantêm uma estrutura repressiva, controladora, repetidora. Os professores percebem que precisam mudar, mas não sabem bem como fazê-lo e não estão preparados para experimentar com segurança. Muitas instituições também exigem mudanças dos professores sem dar-lhes condições para que eles as efetuem. Frequentemente algumas organizações introduzem computadores, conectam as escolas com a Internet e esperam que só isso melhore os problemas do ensino. Os administradores se frustram ao ver que tanto esforço e dinheiro empatados não se traduzem em mudanças significativas nas aulas e nas atitudes do corpo docente.

A maior parte dos cursos presenciais e on-line continua focada no conteúdo, focada na informação, no professor, no aluno individualmente e na interação com o professor/tutor. Convém que os cursos hoje – principalmente os de formação – sejam focados na construção do conhecimento e na interação; no equilíbrio entre o individual e o grupal, entre conteúdo e interação (aprendizagem cooperativa), um conteúdo em parte preparado e em parte construído ao longo do curso.

É difícil manter a motivação no presencial e muito mais no virtual, se não envolvermos os alunos em processos participativos, afetivos, que inspirem confiança. Os cursos que se limitam à transmissão de informação, de conteúdo, mesmo que estejam brilhantemente produzidos, correm o risco da desmotivação a longo prazo e, principalmente, de que a aprendizagem seja só teórica, insuficiente para dar conta da relação teoria/prática. Em sala de aula, se estivermos atentos, podemos mais facilmente obter feedback dos problemas que acontecem e procurar dialogar ou encontrar novas estratégias pedagógicas. No virtual, o aluno está mais distante, normalmente só acessível por e-mail, que é frio, não imediato, ou por um telefonema eventual, que embora seja mais direto, num curso à distância encarece o custo final.

Mesmo com tecnologias de ponta, ainda temos grandes dificuldades no gerenciamento emocional, tanto no pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido. As mudanças na educação dependem, mais do que das novas tecnologias, de termos educadores, gestores e alunos maduros intelectual, emocional e eticamente; pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar; pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. São poucos os educadores que integram teoria e prática e que aproximam o pensar do viver.

Os educadores marcantes atraem não só pelas suas ideias, mas pelo contato pessoal. Transmitem bondade e competência, tanto no plano pessoal, familiar como no social, dentro e fora da aula, no presencial ou no virtual. Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que estabelecem, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir. E eles, numa sociedade cada vez mais complexa e virtual, se tornarão referências necessárias.

quarta-feira, 4 de março de 2009

PRODUÇÃO DE TEXTOS 1 - TÉCNICAS PARA UMA BOA REDAÇÃO

Tatiane Santana

1 - Técnicas para uma boa Redação

1.1 - Escrever nem sempre é fácil
Muitas pessoas têm extrema dificuldade para fazer redações. Elas se dizem sem inspiração, sem ideias. Não sabem nem por onde começar. Dizem que escrever é um dom, que não é pra qualquer um. Mas será que todos os bons escritores sempre escreveram bem? Será que não há uma forma de treinar e melhorar a forma de redigir textos?

É claro que muitos têm mais facilidade para escrever. As pessoas costumam chamar isso de dom natural. E esse dom pode se manifestar em várias áreas: música, teatro, esporte, dança, matemática, informática etc. Mas nem todas as pessoas que são destaques em suas áreas nasceram com esse dom. Muitas podem atribuir seu sucesso ao desenvolvimento de habilidades através do aprendizado de técnicas e o treino constante.

Assim, se você é uma dessas pessoas que acham que não têm o dom, mas que têm a necessidade de escrever bem, é hora de pagar o preço. O preço é se dedicar a aprender certas técnicas e, principalmente, treinar, treinar muito. Como diz o ditado, só a prática faz a perfeição. Este curso tem por objetivo ajudá-lo a dar o primeiro passo: conhecer as técnicas. Daí pra frente é com você. "Você irá escrevendo, irá escrevendo, se aperfeiçoando, progredindo, progredindo aos poucos: um belo dia (se você aguentar o tranco) os outros percebem que existe um grande escritor. " Mário de Andrade

1.2 - Texto Escrito X Língua Falada
Por que falar é mais fácil do que escrever? Ao falar, nós temos uma infinidade de recursos para transmitir as nossas ideias. Podemos usar gestos com as mãos e com o corpo, expressões faciais e a própria entonação da voz. Entretanto, ao escrevermos um texto, as únicas ferramentas que dispomos são as próprias palavras e os sinais de pontuação, o que traz uma enorme limitação, que pode se tornar ainda maior se a pessoa não tem o costume de escrever e não usa algumas técnicas.

1.3 - Tipos de Redação
Existem 3 tipos principais de redação:
a) Narração
b) Descrição
c) Dissertação

1.4 - Narração
A Narração, ou texto narrativo, é a redação na qual são contados fatos reais ou fictícios. O texto narrativo possui dimensões espaciais e temporais, ou seja, os fatos narrados acontecem em um determinado espaço geográfico, ou seja, em algum lugar, e em uma determinada época, passada, presente ou futura. Outra característica marcante do texto narrativo é a presença de personagens.

1.5 - Descrição
A Descrição, ou texto descritivo, é a redação que dá informações detalhadas sobre determinado ser, objeto, lugar ou mesmo um sentimento. O objetivo desse texto é fazer com que o leitor consiga imaginar e recriar na própria mente a imagem do ser ou objeto descrito.

1.6 - Dissertação
A Dissertação, ou texto dissertativo, é a redação que tem por objetivo expressar uma opinião, um ponto de vista em relação a um determinado assunto. O objetivo desse texto é convencer, persuadir o leitor a concordar com sua tese. Para isso, são usados argumentos, que podem se apoiar em dados, fatos ou ideias.

1.7 - Características de uma boa redação
Existem várias técnicas para construir cada um dos tipos de redação. Essas técnicas serão analisadas em cursos específicos. Entretanto, há recomendações gerais que se aplicam a qualquer tipo de texto. As principais são a coerência e a coesão textual.

1.8 - Coerência
A coerência é a ligação de cada uma das partes do texto com o seu todo, de forma que não haja contradições. Uma redação que falha na sua coerência perde toda a sua credibilidade. Assim, é preciso ficar atento aos detalhes e sempre reler o texto para evitar a falta de concatenação das ideias e a inclusão de informações contraditórias, o que pode deixar a impressão de história mal contada.

1.9 - Coesão Textual
As técnicas ou mecanismos de coesão têm por objetivo dar consistência ao texto, interligando suas partes para que tenha uma unidade de sentido, evitando a repetição de palavras.
Existem basicamente dois mecanismos de coesão textual:

a) Coesão léxica: é obtida através de relações de sentido entre as palavras, ou seja, do emprego de sinônimos.

b) Coesão gramatical: é obtida a partir do emprego de artigos, pronomes, adjetivos, advérbios, conjunções e numerais.

Nas próximas páginas veremos alguns exemplos de mecanismos de coesão.

1.10 - Perífrase ou Antonomásia
A Perífrase ou Antonomásia é substituição de uma expressão curta e direta (nome do lugar, coisa ou pessoa) por outra mais extensa e carregada de maior ou menor simbolismo:

a) O Brasil sediará a copa do mundo de 2014. Há muitos anos o país do futebol esperava por esse dia.

1.11 - Nominalização
A Nominalização é o uso de um substantivo para retomar um verbo enunciado anteriormente:

a) Armando se casou no final de 2006. O casamento, entretanto, não durou muito.

1.12 - Expressões sinônimas
O uso de expressões sinônimas ou quase sinônimas pode ser de extrema utilidade quando se quer evitar a repetição de palavras:

a) Os carros produzidos no Brasil não têm tantas qualidades se comparados aos automóveis importados.

1.13 - Repetição vocabular
A repetição vocabular deve ser evitada ao máximo. Entretanto, algumas vezes repetir uma palavra é inevitável para garantir a coesão textual, principalmente se ela representar a ideia principal do período:

a) A fome vem se agravando nos países pobres. São vários os motivos desse problema, por isso a fome tem sido uma preocupação constante dos governantes mundiais.

1.14 - Termo Síntese
O Termo Síntese é uma palavra ou expressão que retoma os termos precedentes, fazendo uma espécie de resumo.

a) Há um vazamento de óleo no motor, os pneus estão carecas e os amortecedores não estão funcionando. Tudo isso faz com que o preço do carro seja mais baixo.

1.15 - Pronomes
Os pronomes podem ser usados para se referir a termos ou expressões usados anteriormente.

a) Cláudio gritou de dor. Ele nunca havia quebrado o pé. (Pronome pessoal reto)

b) Tenho jóias muito valiosas e guardo-as em local seguro. (Pronome pessoal oblíquo)

c) Este é o homem de que lhe falei. (Pronome relativo)

d) Tenho aqui uma caneta e um lápis. Dou este ao menino e aquela à garota. (Pronomes demonstrativos)

1.16 - Numerais
Em alguns casos, podemos usar numerais para retomar dados citados anteriormente:

a) Maria e Joana voltaram da praia. As duas estavam muito queimadas.

b) O Flamengo conseguiu duas vitórias: a primeira contra o Palmeiras e a segunda contra o Grêmio.

1.17 - Advérbios pronominais
Os chamados Advérbios Pronominais são expressões adverbiais que indicam uma localização no espaço e também podem ser usados para substituir nomes de lugares.

a) Estou em Belo Horizonte. Aqui faz um calor infernal.

b) Vou voltar para sua casa. ainda tem lugar para mim?

c) Carlos viajou para Goiânia. vai ficar por mais duas semanas.

1.18 - Elipse
A Elipse consiste na omissão de um termo ou expressão da frase. Para que essa figura de linguagem possa ser usada sem prejuízo de sentido, é preciso que o termo oculto possa ser facilmente depreendido pelas referências do contexto. Veja:

a) Jussara chegou cedo ao trabalho hoje. (Jussara) Já conseguiu resolver todas as pendências e ainda teve tempo para conversar com o chefe.

1.19 - Repetição de parte de nome próprio
Uma técnica muito utilizada em jornais consiste na repetição de apenas um dos nomes de uma pessoa, depois de ter sido citado por completo anteriormente:

a) Mário Ribeiro representa o papel de um engenheiro aposentado. Sempre que pode, Ribeiro procura Marta, sua ex-namorada.

1.20 - Metonímia
A Metonímia é uma figura de linguagem que consiste em substituir uma palavra por outra, fundamentada em uma relação de sentido, que pode ser de causa e efeito (trabalho, por obra), de continente e conteúdo (copo, por bebida), lugar e produto (porto, por vinho do Porto), matéria e objeto (bronze, por estatueta de bronze), abstrato e concreto (bandeira, por pátria), autor e obra (um Camões, por um livro de Camões), a parte pelo todo (asa, por avião), etc. Veja um exemplo:

a) O governo anulou a licitação para compra de laptops para alunos de escolas públicas. O Planalto não conseguiu chegar a um acordo de preço com os fabricantes.

1.21 - Outros aspectos importantes
Além de se preocupar com os aspectos de coerência e coesão textual descritos acima, é importante também seguir algumas dicas.

1.22 - Simplifique
Não tente escrever difícil. Mantenha a simplicidade, usando palavras conhecidas e as quais você tenha domínio sobre o significado. Fica mais fácil para você escrever e também para o leitor entender, e evita-se o risco de usar uma palavra mal colocada e alterar todo o sentido imaginado para a frase.

1.23 - Use Frases Curtas
O uso de frases curtas facilita o domínio do texto, evitando que você se perca no meio de um período longo. Ao usar períodos mais curtos, amarre as frases e organize bem as ideias. Não mude de assunto de uma hora pra outra. É importante manter a linha de argumentação.

1.24 - Seja Claro
Não deixe palavras ou ideias subentendidas. Muitas vezes, por ter todo o contexto do assunto na cabeça, o autor se esquece de detalhes importantes os quais o leitor não tem condições de saber. Para evitar que isso aconteça, verifique se o texto dá todas as informações e conceitos necessários ao perfeito entendimento das ideias expostas. Faça uma análise crítica e se coloque no lugar do leitor para saber se ele tem condições e conhecimento suficiente para entender seu texto por completo.

1.25 - Seja Objetivo
Nem sempre quem fala mais é mais bem compreendido. A quantidade de palavras não é fator determinante no entendimento do conteúdo do texto. Na verdade, a repetição de idéias e o uso excessivo de explicações pode confundir o leitor.Dessa forma, tente se expressar usando o mínimo possível de palavras.

1.26 - Leia e Releia
Depois de pronto, é fundamental reler o texto. Entretanto, muitas vezes, ao reler a redação logo depois de terminar de escrever, não achamos erros por estarmos ainda muito ligados ao texto. Assim, se puder, descanse por um ou dois minutos antes de fazer a releitura. Dê uma volta e beba um copo de água. Esse tempo de pausa e descanso é importante para que você se desligue um pouco e adquira uma postura mais imparcial frente ao texto. Na releitura, lembre-se de verificar a ortografia e conferir se não há trechos confusos, com períodos muito longos ou obscuros.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

CRÍTICAS AO NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO

1.Acordo ortográfico
1.1 - Primeiros passos
Desde muito tempo, Brasil e Portugal tentam aperfeiçoar e unificar novamente as regras ortográficas, que evoluíram de forma diferente ao longo dos anos.
Uma das propostas mais radicais foi a simplificação da língua através da representação de cada fonema (som) por apenas um único grafema (forma gráfica - letra). Assim, o fonema /s/, por exemplo, seria representado apenas pela letra S, e não mais por C, Ç, X, SS, XC e SC. Assim, as palavras exceção, cenoura e crescer, com o fonema /s/, passariam a ser grafadas "esesão", "senoura" e "creser". As palavras casa, exato e portuguesa, com o fonema /z/, passariam a ser grafadas "caza", "ezato" e "portugueza".
Essa simplificação seria até prática, mas linguistas chegaram à conclusão que isso traria muitos problemas na diferenciação das palavras, o que dificultaria bastante a compreensão dos textos. Seria impossível, por exemplo, distinguir sessão, seção e cessão, pois todas seriam grafadas "sesão".
Assim, descartou-se um critério exclusivamente fonético, e as sucessivas reformas ortográficas ocorridas no Brasil e em Portugal passaram a adotar critérios mistos, que tinham características fonéticas mas também consideravam até certo ponto a etimologia da palavra (sua origem gráfica). Entretanto, a evolução diferenciada no Brasil e em Portugal acabou gerando duas línguas portuguesas:
# o Português de Portugal, usando em Portugal e nos países africanos de língua portuguesa, e
# o Português do Brasil, que é adotado apenas no Brasil.
Em maio de 1986, os representantes dos 7 países que usam o português como língua oficial se reuniram no Rio de Janeiro, na Academia Brasileira de Letras, dando início aos trabalhos que tinham com o objetivo criar uma ortografia unificada para a Língua Portuguesa. Desse encontro resultaram as bases do Novo Acordo da Língua Portuguesa, cujo texto foi publicado no mesmo ano.
Entretanto, foram necessárias algumas alterações e correções, que deram origem ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que foi assinado em Lisboa, Portugal, no dia 16 de dezembro de 1990, não só por representantes de Brasil e Portugal, mas também de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

1.2 - Motivação e Objetivos
Um dos exemplos que motivaram a unificação da grafia da língua portuguesa, e que foi bastante citado à época das negociações, foi caso da língua espanhola (ou castelhano) que, apesar das diferenças de pronúncia e vocabulário entre Espanha e os países da América, é regida por uma só norma ortográfica.
A língua portuguesa, que, com cerca de 210 milhões de falantes, é a 5ª língua mais falada no mundo, e a 3ª no ocidente, era dividida por duas grafias oficiais diferentes, que davam origem ao Português de Portugal, usada em Portugal e nos demais países de língua portuguesa, e ao Português do Brasil, exclusividade do Brasil.A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) afirma que essa dupla grafia acaba limitando a dinâmica do idioma, pois dificulta não só a divulgação de informações e as relações comerciais, como também a difusão cultural entre os países de língua portuguesa, enfraquecendo a língua.
Além disso, no plano internacional, a falta de unidade gráfica também enfraquece o prestígio do idioma, já que ele acaba sendo tratado como duas línguas diferentes, exigindo traduções diferentes para Brasil e Portugal. Isso dificultaria a pretensão de se incluir a língua portuguesa como um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).
Assim, o objetivo é tornar a língua portuguesa mais forte, facilitando o intercâmbio cultural entre os países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e aumentando seu prestígio internacional, o que possibilitaria sua entrada no rol dos idiomas oficiais da ONU.

1.3 - Acordo frustrado
Segundo o Acordo Ortográfico original, as mudanças entrariam em vigor no dia 1º de Janeiro de 1994, quando todos os países envolvidos já deveriam ter ratificado a reforma.Entretanto, apenas Brasil, Portugal e Cabo Verde ratificaram o acordo a tempo e, assim, a reforma não entrou em vigor.

1.4 - Protocolos Modificativos
A partir daí, o acordo passou por alguns protocolos modificativos.O primeiro, de 1998, acabou com o prazo para ratificação. Entretanto, manteve a necessidade de aprovação por todos os países de língua portuguesa para que entrasse em vigor.Em 2004, um novo protocolo modificativo foi assinado. Dessa vez, foi estabelecido que bastaria a ratificação de três dos Estados signatários para sua entrada em vigor. Além disso, foi permitida a adesão de Timor-Leste, que só conseguiu sua independência total em 2002. Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe o ratificaram, o que possibilitou que a reforma fosse oficializada em 1º de Janeiro de 2007.

1.5 - Sem Portugal não dá
Com a ratificação de Brasil, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, as novas normas já poderiam entrar em vigor nesses três países. Entretanto, esses países consideraram fundamental que Portugal aderisse à reforma para que as mudanças pudessem ser implementadas com sucesso e o acordo realmente cumprisse seus objetivos. Assim, depois de muitos adiamentos e de muitas críticas e polêmicas, Portugal acabou ratificando o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa em 16 de maio de 2008, sendo o acordo sancionado pelo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva em julho do mesmo ano.

1.6 - Estatísticas
O Novo Acordo Ortográfico acarreta mudanças na grafia de apenas 0,5% das palavras do vocabulário usado no Brasil.
Entretanto, em Portugal, esse percentual sobe para cerca de 1,6% das palavras usadas, o que representa mais que o triplo de alterações. E isso explica a maior resistência dos portugueses na adoção da nova ortografia, que, para alguns, é um mero "abrasileiramento" da língua.
O Novo Acordo Ortográfico resolve 98% das diferenças de grafia entre Brasil e Portugal. Para os outros 2%, foi criado o critério da grafia dupla ou múltipla, pelo qual se pode optar por uma ou outra grafia facultativamente.

1.7 - Critérios
As bases da unificação da grafia se basearam em grande parte no critério fonético. Assim, a grafia das palavras foi modificada tentando aproximá-las da língua falada. Um exemplo claro disso é a abolição das consoantes c e p mudas no português de Portugal, como nas palavras acção, adopção, óptima, director e baptizar que passam a ser grafadas ação, adoção, ótima, diretor e batizar, o que já havia acontecido no Brasil desde a reforma de 1943.
1.8 - Mudanças no Português do Brasil
As principais mudanças para o português escrito no Brasil são a inclusão das letras K, W e Y no alfabeto, a abolição do trema, a supressão de alguns acentos nas palavras paroxítonas e ainda a alteração nas regras de uso do hífen.

1.9 - Vigência do Acordo Ortográfico
Desde 1º de janeiro de 2009 o acordo ortográfico já está vigente no Brasil. Até o final de 2012, viveremos um período de transição, no qual será possível optar pela nova grafia ou pelo uso das regras anteriores. A partir de 1º de janeiro de 2013 apenas a nova grafia, imposta pelo Novo Acordo Ortográfico, será aceita. Em Portugal, só se sabe que o período de transição será de 6 anos, 2 anos maior que o do Brasil. Entretanto, até a data de lançamento destas informações, ainda não havia uma data definida para sua entrada em vigor.

Críticas à reforma ortográfica – Novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa Tatiane Santana

O Novo Acordo Ortográfico tem gerado muita polêmica. Saiba o que pensam os críticos e conheça seus argumentos.
1-Críticas à reforma ortográfica
1.1 - Polêmica
O Novo Acordo Ortográfico não alcançou consenso entre os brasileiros e muito menos entre os portugueses. Seu texto e sua aprovação têm sido alvo de diversas críticas e enfrentado a oposição de vários escritores, linguistas, políticos, deputados e profissionais da língua.

1.2 - Ortografia Etimológica
Alguns linguistas portugueses defendem a ortografia etimológica, que leva em consideração a origem da palavra, não aceitando a reforma pelo critério fonético, que, segundo eles, cortam o elo entre os praticantes atuais da língua portuguesa e os manuscritos deixados pelos seus antepassados.Outros simplesmente resistem à mudança, talvez pelo medo de ter que reaprender, ou até por motivos emocionais em relação à grafia atual das palavras.
Esse sentimento de resistência às mudanças ortográficas já foi registrado em reformas anteriores, como mostram os trechos seguintes, escritos às vésperas das últimas reformas...
Imaginem esta palavra phase, escripta assim: fase. Não nos parece uma palavra, parece-nos um esqueleto (...) Affligimo-nos extraordinariamente, quando pensamos que haveriamos de ser obrigados a escrever assim! Alexandre Fontes (1911)
Na palavra lagryma, (...) a forma da y é lacrymal; estabelece (...) a harmonia entre a sua expressão gráfica ou plástica e a sua expressão psicológica; substituindo-lhe o y pelo i é ofender as regras da Estética. Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério... Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformá-lo numa superfície banal. Teixeira de Pascoaes

1.3 - Reforma tímida
Enquanto uns têm dificuldades em aceitar as mudanças propostas pela reforma, outros acham que ela foi tímida demais, e até insuficiente para cumprir seus objetivos, já que muitas palavras continuarão apresentando possíveis variantes ortográficas.
O professor de português Pasquale Cipro Neto afirma que "é uma reforma meia-sola, que não unifica a escrita de fato", enquanto que o escritor João Ubaldo Ribeiro diz que "é uma reforma tímida, que não faz grandes inovações"
Muitos críticos afirmam que o acordo tenta resolver um problema que, na realidade, não existe. Eles defendem que as variações na grafia do Português do Brasil e Português de Portugal não atrapalham a leitura dos textos.O sucesso de vendas no Brasil de obras de escritores portugueses como José Saramago e Miguel Sousa Tavares, cujos livros usam a grafia lusitana do português por exigência dos autores, seria um indício de que não é a falta de uma unificação gráfica que diminui o intercâmbio literário na língua portuguesa.
Na verdade, as dificuldades de compreensão escrita, quando acontecem, decorrem das diferenças semânticas, ou seja, do sentido das palavras, e até de construções gramaticais que são diferentes no Brasil e em Portugal.Se você já tentou ler algum texto em português de Portugal, mesmo que seja apenas um simples manual de algum equipamento eletrônico, vai entender mais facilmente do que estamos falando.E a simples adoção de uma ortografia comum não resolve esse tipo de problema.
Além disso, as dificuldades de compreensão são ainda mais relevantes na comunicação oral. Só para se ter uma ideia, já se cogitou de colocar legendas nas novelas brasileiras que são exibidas em Portugal, tamanha é a dificuldade de compreensão.E olha que, como a programação televisiva brasileira acaba chegando lá com mais intensidade, principalmente por causa das novelas, eles acabam tendo muito mais facilidade de entender os brasileiros do que os brasileiros de entender os portugueses.O fato é que a dificuldade na comunicação oral vai continuar, apesar do acordo ortográfico, que nessa área não tem nenhuma influência.

1.4 - Regras sobre o uso do hífen
Outra crítica comum em relação ao Novo Acordo Ortográfico diz respeito às novas regras que regem o uso do hífen.
Segundo os críticos, muitos de seus usos ainda são obscuros. É que o acordo ortográfico não fala explicitamente de todos os prefixos. Um dos problemas é o prefixo "re", de reescrever e reeditar. Palavras como girassol e passatempo não tinham hífen, enquanto porta-retrato, guarda-louça e tira-teima possuíam o hífen. O problema é que, apenas baseando-se no texto atual, não é possível concluir se essas palavras terão hífen ou não. O acordo se limita a dizer que o hífen desaparece quando se perde a noção da composição de outras duas palavras, mas isso é muito subjetivo.
Sobre a crítica, Godofredo de Oliveira Neto, presidente do conselho diretor do Instituto Internacional de Língua Portuguesa (IILP), órgão da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), esclarece que a definição de diversos usos do hífen só vai acontecer com a criação de um vocabulário ortográfico oficial. Esse seria o próximo passo da reforma que unifica a escrita do português nos países lusófonos.

1.5 - Custos da reforma ortográfica
Outros críticos apontam para os altos custos da unificação. Estes custos incluem : a revisão ortográfica das obras já existentes; a substituição de dicionários, gramáticas e livros escolares, que ficarão obsoletos instantaneamente, e ainda a reaprendizagem das regras ortográficas pela grande maioria da população que já está acostumada com as regras antigas.

Por tudo isso, vários profissionais da língua portuguesa se pronunciaram contra a adoção das novas regras... Vamos enterrar dinheiro em uma mudança que não trará efeitos positivos.
Pasquale Cipro Neto

Essa idéia messiânica, utópica de que a unificação vai transformar o português em uma língua de relações internacionais é uma tolice. Professor Cláudio Moreno

1.6 - Interesses econômicos
Mas os custos da reforma não são os únicos interesses econômicos envolvidos...Algumas editoras portuguesas afirmam que o acordo é "um facilitismo para as editoras brasileiras entrarem nos países africanos", ameaçando sua atuação nesses países.As mais resistentes chegaram a afirmar que não irão adotar em seus livros as alterações previstas pelo acordo.

1.7 - Grafias múltiplas
Um dos pontos mais criticados no texto do Novo Ortográfico, principalmente pelos linguistas portugueses, é o das grafias múltiplas.
Para abrigar as diferenças fonéticas (diferença de pronúncia) entre Portugal e Brasil, o Acordo Ortográfico prevê vários casos de palavras que podem ter duas ou mais grafias facultativas. É a dupla grafia ou grafia múltipla. Veja alguns exemplos:
 fenómeno/fenômeno,
 António/Antônio,
 aritmética/arimética,
 amnistia/anistia,
 amígdalas/amídalas,
 dactiloscopia/datiloscopia,
 eletrónica/eletrônica,
 súbdito/súdito,
 visitamos (ontem) / visitámos (ontem),
 recepção/receção,
 espectador/espetador,
 intersecção (de conjuntos) / interseção (de conjuntos),
 (o) cacto (secou) / (o) cato (secou),
 (o rio Tejo) desagua (em Lisboa) / (o Tejo) deságua (em Lisboa),
 (a Polícia) averigua (o crime) / (a Polícia) averígua (o crime)
O deputado português Vasco Graça Moura argumenta que o reconhecimento oficial de grafias duplas e múltiplas enfraquece seriamente a unidade da língua portuguesa escrita e "vai mesmo contra o conceito de ortografia".
Ele continua a crítica ao acordo dizendo que as facultatividades permitem "pôr num saco todos os casos duvidosos, a pretexto de que pode haver diferenças entre a pronúncia portuguesa e brasileira, abrindo inaceitavelmente a porta a todas as diferenças de grafia e mesmo, no limite, à opção individual por determinada maneira de escrever (...) chegando ao ponto da lei do menor esforço e do facilitismo".
Veja a opinião de linguistas portugueses sobre o assunto...
... os negociadores do Acordo autorizam duplas ou múltiplas grafias no interior de cada país, com base num critério da pronúncia, que em nenhuma língua pode ser tomado como propriedade identificadora dum sistema linguístico e da(s) sua(s) respectiva(s) norma(s) nacionais, mas sempre e apenas de uma sua variedade dialectal ou social.
Inês Duarte, professora catedrática de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2005)
O Acordo em análise admite grafias facultativas para a língua portuguesa em toda a sua extensão, sem quaisquer restrições além da existência (onde quer que seja) de uma pronúncia culta que as sancione. Segundo a sua letra (...), dois alunos portugueses, em Portugal (ou brasileiros, no Brasil, etc.), sentados lado a lado, ou dois professores em salas contíguas seriam livres de usar a seu bel-prazer as grafias alternativas. Em última análise, é deixada ao livre arbítrio de cada cidadão a escolha da grafia, pondo-se em causa a função da língua escrita como fator de coesão social.
João Andrade Peres, professor catedrático de Linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (2008)
O fato de acabar por nem sequer se revelar uma versão fraca de unificação ortográfica, como se pretendia, mas antes uma versão permissiva, erigindo o princípio da facultatividade excessiva, o qual vai contra o próprio conceito normativo de ortografia, originando nomeadamente a possibilidade do uso de duplas grafias dentro do mesmo país, isto é, abrindo a porta à heterografia.
Isabel Pires de Lima, ex-ministra da Cultura do governo português, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e deputada do Partido Socialista, apontando o que entende ser uma das principais fragilidades do Acordo Ortográfico O estabelecimento generalizado da grafia dupla nos domínios da acentuação, das consoantes mudas e da maiusculização, minará a estabilidade do ensino da Língua Portuguesa (ferramenta que abre a porta a todas as outras disciplinas) e porá em causa a integridade do uso e da difusão internacional da língua portuguesa, valores que a Constituição consagra (Art.º 9.º. al. f). A possibilidade de se escrever de forma alternativa uma quantidade enorme de palavras e de expressões complexas deixa ao arbítrio de cada utilizador individual a estrutura da "sua" ortografia pessoal - imagine-se o que seria cada um de nós poder pôr em vigor a sua versão personalizada do Código de Processo Penal ou do Código da Estrada!
António Emiliano, professor de Linguística da Universidade Nova de Lisboa

1.8 - Vigência do Acordo Ortográfico
Apesar de todas as críticas, o acordo ortográfico já está vigendo no Brasil. Desde 1º de janeiro de 2009 já se pode usar as novas regras. Haverá um período de transição até o final de 2012. Durante esse tempo, será possível optar pela nova grafia ou pelo uso das regras anteriores. A partir de 1º de janeiro de 2013 apenas a nova grafia, imposta pelo Novo Acordo Ortográfico, será aceita.
Em Portugal, até o momento, só se sabia que o período de transição seria de 6 anos, 2 anos maior que o do Brasil. Entretanto, ainda não havia data definida para sua entrada em vigor.

O QUE MUDOU COM A NOVA REFORMA ORTOGRÁFICA

GUIA PRÁTICO DA NOVA ORTOGRAFIA
Saiba o que mudou na ortografia brasileira

Douglas Tufano
Guia Reforma Ortografica uia CP.indd 1 10/7/2008 14:27:21
© 2008 Douglas Tufano
Professor e autor de livros didáticos de língua portuguesa
© 2008 Editora Melhoramentos Ltda.
Diagramação: WAP Studio
ISBN: 978-85-06-05464-2
1.ª edição, agosto de 2008
Atendimento ao consumidor:
Caixa Postal 11541 – CEP 05049-970
São Paulo – SP – Brasil
Impresso no Brasil

A Editora Melhoramentos, sempre preocupada em auxiliar os estudantes brasileiros no seu aprendizado e crescimento pessoal, lança o Guia Prático da Nova Ortografia, que mostra, de maneira clara e objetiva, as alterações introduzidas na ortografia do português pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).

A implantação das regras desse Acordo, prevista para acontecer no Brasil a partir de janeiro de 2009, é um passo importante em direção à criação de uma ortografia unificada para o português, a ser usada por todos os países que tenham o português como língua oficial: Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste.

Este guia não tem por objetivo elucidar pontos controversos e subjetivos do Acordo, mas acreditamos que será um valioso instrumento para o rápido entendimento das mudanças na ortografia da variante brasileira. As dúvidas que porventura existirem após a leitura do Guia Prático da Nova Ortografia certamente serão resolvidas com a publicação de um Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), como está previsto no Acordo.

Acordo Ortográfico
O objetivo deste guia é expor ao leitor,de maneira objetiva, as alterações introduzidas na ortografi a da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995. Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países. Como o documento oficial do Acordo não é claro em vários aspectos, elaboramos um roteiro com o que foi possível estabelecer objetivamente sobre as novas regras. Esperamos que este guia sirva de orientação básica para aqueles que desejam resolver rapidamente suas dúvidas sobre as mudanças introduzidas na ortografia brasileira, sem preocupação comquestões teóricas.

Mudanças no alfabeto
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. O alfabeto completo passa a ser: A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z. As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo:
a) na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma),W (watt);

b) na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung fu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

Trema
Não se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.

Como era // Como fica
agüentar // aguentar
argüir // arguir
bilíngüe // bilíngue
cinqüenta // cinquenta
delinqüente // delinquente
eloqüente // eloquente
ensangüentado // ensanguentado
eqüestre // equestre
freqüente // frequente
lingüeta // lingueta
lingüiça // linguiça
qüinqüênio // quinquênio
sagüi // sagui
seqüência // sequência
seqüestro // sequestro
tranqüilo // tranquilo

Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas.
Exemplos: Müller, mülleriano.

Mudanças nas regras de acentuação
1. Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
Como era // Como fica
alcalóide // alcaloide
alcatéia // alcateia
andróide // androide
apóia (verbo apoiar) // apoia
apóio (verbo apoiar) // apoio
asteróide // asteroide
bóia // boia
celulóide // celuloide
clarabóia // claraboia
colméia // colmeia
Coréia // Coreia
debilóide // debiloide
epopéia // epopeia
estóico // estoico
estréia // estreia
estréio (verbo estrear) // estreio
geléia // geleia
heróico // heroico
idéia // ideia
jibóia // jiboia
jóia //joia
odisséia // odisseia
paranóia // paranoia
paranóico // paranoico
platéia // plateia
tramóia // tramoia

Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas terminadas em éis, éu, éus, ói, óis. Exemplos: papéis, herói, heróis,troféu, troféus.

2. Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um ditongo.
Como era // Como fica
baiúca // baiuca
bocaiúva // bocaiuva
cauíla // cauila
feiúra // feiura
Atenção: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.
3. Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).
Como era // Como fica
Abençôo // abençoo
crêem (verbo crer) // creem
dêem (verbo dar) // deem
dôo (verbo doar) // doo
enjôo // enjoo
lêem (verbo ler)// leem
magôo (verbo magoar) // magoo
perdôo (verbo perdoar) // perdoo
povôo (verbo povoar) // povoo
vêem (verbo ver) // veem
vôos // voos
zôo // zoo

4. Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Como era //Como fica
Ele pára o carro. // Ele para o carro.
Ele foi ao pólo Norte. // Ele foi ao polo Norte.
Ele gosta de jogar pólo. // Ele gosta de jogar polo.
Esse gato tem pêlos brancos. // Esse gato tem pelos brancos.
Comi uma pêra. // Comi uma pera.

Atenção:
• Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular. Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular.
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.

• Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.

• Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir, assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir, advir etc.).
Exemplos: Ele tem dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.

• É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/ fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

5. Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

6. Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo. Veja:

a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.
Exemplos:
• verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues, enxáguem.
• verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua,delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.
Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que as outras):
• verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues, enxaguem.
• verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas, delinquam.

Atenção: no Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.

Uso do hífen
Algumas regras do uso do hífen foram alteradas pelo novo Acordo. Mas, como se trata ainda de matéria controvertida em muitos aspectos, para facilitar a compreensão dos leitores, apresentamos um resumo das regras que orientam o uso do hífen com os prefixos mais comuns, assim como as novas orientações estabelecidas pelo Acordo. As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos ou por elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero, agro, além, ante, anti, aquém, arqui, auto, circum, co, contra, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra,inter, intra, macro, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sub, super, supra, tele, ultra, vice etc.

1. Com prefixos, usa-se sempre o hífen diante de palavra iniciada por h.

Exemplos: anti-higiênico , anti-histórico, co-herdeiro, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-homem, ultra-humano.
Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

2. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento.

Exemplos: aeroespacial, agroindustrial, anteontem, antiaéreo, antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, coautor, coedição, extraescolar, infraestrutura, plurianual, semiaberto, semianalfabeto, semiesférico, semiopaco.
Exceção: o prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigar, coobrigação, coordenar, cooperar, coo- peração, cooptar, coocupante etc.

3. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s.

Exemplos: anteprojeto, antipedagógico,autopeça, autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador, pseudoprofessor, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno.
Atenção: com o prefi xo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.

4. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras.

Exemplos: antirrábico, antirracismo, antirreligioso, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno, infrassom, microssistema, minissaia, multissecular, neorrealismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, ultrassom

5. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal.

Exemplos: anti-ibérico, anti-imperialista, anti-inflacionário,anti-inflamatório,auto-observação, contra-almirante, contra-atacar, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, semi-internato,semi-interno.

6. Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento começar pela mesma consoante.

Exemplos: hiper-requintado,inter-racial, inter-regional, sub-bibliotecário, super-racista, super-reacionário,super-resistente, super-romântico.

Atenção:
• Nos demais casos não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal, superinteressante, superproteção.

• Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-região, sub-raça etc.

• Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

7. Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo elemento começar por vogal.

Exemplos: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual, interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento, supereconômico, superexigente, superinteressante, superotimismo.

8. Com os prefixos EX, SEM, ALÉM, AQUÉM, RECÉM, PÓS, PRÉ, PRÓ, usa-se sempre o hífen. Exemplos: além-mar, além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente, pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu, recém-casado, recém-nascido, sem-terra.

9. Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: açu, guaçu e mirim.

Exemplos: amoré-guaçu, anajá-mirim, capim-açu.

10. Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente
se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

11. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição.

Exemplos: girassol, madressilva, mandachuva, paraquedas, paraquedista, pontapé.

12. Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.

Exemplos: Na cidade, conta--se que ele foi viajar. O diretor recebeu os ex--alunos.

Resumo
Emprego do hífen com prefixos
Regra básica
Sempre se usa o hífen diante de h: anti-higiênico, super-homem.

Outros casos
1. Prefixo terminado em vogal:
• Sem hífen diante de vogal diferente: autoescola, antiaéreo.
• Sem hífen diante de consoante diferente de r e s: anteprojeto, semicírculo.
• Sem hífen diante de r e s. Dobram-se essas letras: antirracismo, antissocial, ultrassom.
• Com hífen diante de mesma vogal: contra-ataque, micro-ondas.

2. Prefixo terminado em consoante:
• Com hífen diante de mesma consoante: inter-regional, sub-bibliotecário.
• Sem hífen diante de consoante diferente: intermunicipal, supersônico.
• Sem hífen diante de vogal: interestadual, superinteressante.
Observações
1. Com o prefixo sub, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r sub-região, sub-raça etc. Palavras iniciadas por h perdem essa letra e juntam-se sem hífen: subumano, subumanidade.
2. Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.
3. O prefixo co aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o: coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante etc.
4. Com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen: vice-rei, vice-almirante etc.

5. Não se deve usar o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas, paraquedista etc.

6. Com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, usa-se sempre o hífen: ex-aluno, sem-terra, além-mar, aquém-mar, recém-casado, pós-graduação, pré-vestibular, pró-europeu.